Todas as moedas do Brasil: veja como o dinheiro daqui mudou

O real circula no nosso país há quase três décadas por conta da sua estabilidade em relação às anteriores e ao mercado financeiro mundial. Mas você conhece todas as moedas que o Brasil teve até chegar ao modelo atual? Com 8 trocas em um período de 80 anos, se mantivéssemos o cruzeiro recorrente até hoje, um pãozinho francês custaria milhares de cruzeiros. A propósito, o real está no ranking das 20 mais negociadas do mundo, mas a história começou com o réis, que ficou 4 séculos em circulação. Neste conteúdo, vamos viajar pelo túnel do tempo da história monetária para conhecermos todas as moedas do Brasil. Descubra quando elas foram lançadas e substituídas até a atual.

Réis

O réis é a moeda mais antiga do nosso país, atuando desde o Brasil colônia até 1942. Nesse período, o nosso país iniciou seu sistema financeiro por meio de uma prática chamada de escambo — troca de mercadorias. No entanto, com o progresso da colonização, começaram a circular diversas cédulas trazidas pelos imigrantes europeus, principalmente portugueses, espanhóis e franceses. Para organizar o sistema de finanças no país, o réis foi definido como a primeira moeda, que também circulava em Portugal. Assim, o termo réis é derivado da palavra “reais”, nomeado pela sua utilização no plural simplificado, ficando réis. Após a Independência do Brasil e meados da Proclamação da República, o réis continuou circulando pelo mercado brasileiro.

Curiosidade

O dobrão de 20.000 réis, representado pelo símbolo monetário "20$000", foi a primeira moeda cunhada no nosso país entre 1724 e 1727, na Casa da Moeda de Vila Rica, Minas Gerais. Com 54 gramas, era considerada uma das moedas mais pesadas do mundo.

Cruzeiro — 1 cruzeiro (Cr$1) = 1000 réis (1$000)

O cruzeiro surgiu no Brasil de 1942 até 1967, sendo usado durante o fim da Era Vargas com o objetivo de padronizar o dinheiro em circulação, já que existiam cerca de 56 moedas diferentes circulando no país. Como consequência dessa mudança, o valor em relação aos réis foi modificado e surgiram notas de 1, 2, 10, 50, 100, 200, 500 e 1000. É importante mencionar que o cruzeiro foi a primeira nota impressa no Brasil, sendo a anterior impressa na Europa e nos Estados Unidos. Nesse período foi criada a primeira autoridade monetária do país, denominada Superintendência da Moeda e do Crédito (SUMOC). Essa instituição abriu caminhos para o surgimento do Banco Central do Brasil (BCB), em 1964.

Cruzeiro novo — 1 cruzeiro novo (NCr$1) = 1000 cruzeiros (Cr$ 1000)

Com o uso do cruzeiro de 1961, houve uma inflação gigantesca no país, levando ao surgimento das notas de 5.000 e 10.000. Assim, em fevereiro de 1967, o cruzeiro convencional (Cr$) foi substituído pelo cruzeiro novo (NCr$), que equivalia a Cr$1.000, e durou pouco, levando a uma nova substituição, em 1970.

Cruzeiro — 1 cruzeiro (Cr$1) = 1 cruzeiro novo (NCr$1)

O nosso país é repleto de emoções, e o mesmo acontece com o sistema monetário. Após três anos de cruzeiro novo, a moeda retomou o nome cruzeiro e passou a ter o mesmo valor da moeda anterior. Após essa repaginada, o cruzeiro circulou por 16 anos no país, até o surgimento de uma nova onda de inflações.

Cruzado — 1 cruzado (Cz$1) = 1000 cruzeiros (Cr$ 1000)

O cruzado nasceu por intermédio do Plano Cruzado e teve uma vida circulante bastante rápida — de 1986 a 1989. Seu objetivo era recuperar o poder de compra dos brasileiros, muito diferente do consumo consciente propagado atualmente. No início do projeto, as cédulas de cruzeiro foram carimbadas com os novos valores para evitar gastos com impressões. Contudo, essa medida não derrotou a inflação e levou a uma nova reforma.

Cruzado novo —1 cruzado novo (NCz$1) = 1000 cruzados (Cz$ 1000)

O cruzado novo teve somente 1 ano de vida (de 1989 a 1990) porque não conseguiu derrotar a inflação galopante do país. Mais uma vez, o processo de carimbar as antigas cédulas com novo valor foi utilizado até a fabricação das notas de cruzado novo. Esse é sinal claro de que o controle financeiro estava desgovernado há décadas.

Cruzeiro — 1 cruzeiro (Cr$1) = 1 cruzado novo (NCz$1)

O cruzeiro ressurgiu das cinzas e voltou com um novo visual para derrotar um inimigo clichê: a inflação. A mesma prática de cortar os zeros foi utilizada pelo governo, e obviamente não deu certo por conta dos gastos públicos e da má gestão monetária. A inflação ficou tão descontrolada que atingiu 29%, levando ao confisco das contas dos brasileiros na era Collor. O governo congelou por 18 meses 80% de todas as aplicações financeiras e depósitos bancários que ultrapassassem NCz$50.000. Após um ano, foram criadas notas de 10.000, 50.000 e 500.000, mas a inflação novamente bagunçava a economia brasileira.

Cruzeiro real — 1 cruzeiro real (CR$1) = 1000 cruzeiros (Cr$ 1000)

A inflação mandava no pedaço e colocava a economia brasileira em xeque. Como solução, o então presidente Itamar Franco lançou o cruzeiro real, que passou a circular em 1993, assumindo o posto do cruzeiro, que sofreu uma derrota definitiva.

Real — 1 real (R$1) = 2750 cruzeiros reais (CR$ 2750)

Finalmente, em 1994, surgia o real, utilizado até hoje. Lançado no governo Itamar Franco com o auxílio do Ministro da Economia, Fernando Henrique Cardoso, a moeda nasceu forte e eliminou a inflação que assombrava nossa economia por décadas. Naquele mesmo ano, FHC foi eleito presidente do Brasil — possivelmente por ter sido uma personalidade essencial para a retomada econômica brasileira.

Plano Real

O Plano Real controlou totalmente os índices inflacionários do país, sendo tema de estudo em diversas universidades pelo mundo. E a moeda que acompanhou esse projeto de renovação foi um dos casos de maior sucesso em gestão monetária nacional. Com o mesmo valor do dólar na época (R$1 = US$1) e um crescimento considerável na taxa de juros no mercado brasileiro, o resultado permitiu que o país conseguisse ter uma moeda com alto nível de confiabilidade. E então, o que achou deste conteúdo sobre todas as moedas do Brasil? Na lista acima, reunimos diversas informações e curiosidades relevantes sobre o tema. A propósito, você sabia que a nota de 1 real parou de circular em 2005? Pois é, o nosso sistema monetário é cheio de detalhes que podem passar despercebidos. Falando nisso, como anda sua relação emocional com o dinheiro?

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