A inadimplência no Brasil bateu recorde: você sabe o motivo?
O endividamento e a inadimplência no Brasil não são grandes novidades. Aliás, até quem não se liga nas notícias anda ouvindo falar desse assunto. Afinal, a cada dia, mais parentes, amigos ou conhecidos mencionam a dificuldade de pagar os boletos.
Como se não bastasse, os sinais negativos da economia já nem precisam ser traduzidos do "economês". Basta ir ao mercado ou renovar o aluguel para notar que o dinheiro está ficando curto, não é mesmo?
Se você quer descobrir por que sobra tanto mês no fim do salário, este post te conta! Vamos conferir?!
O que é inadimplência?
Antes de falar das causas da inadimplência no Brasil, que tal entender o que exatamente significa esse termo? Basicamente, é o estado de um consumidor que deixa de pagar uma conta. Ou seja, é preciso ter uma dívida em atraso para ser classificado desse modo. Inclusive, não importa se o valor devido era pequeno ou grande. Depois de o prazo de pagamento vencer, se o devedor não cumpriu com a sua obrigação e deixou em aberto o que devia, ele passa a estar inadimplente.Como o conceito se diferencia do endividamento?
Se estar inadimplente é um estado que depende de não pagar uma dívida de qualquer valor, estar endividado já traduz uma ideia diferente. Um indivíduo endividado é aquele que tem um excesso de obrigações contraídas em seu nome e não dispõe de capital suficiente para quitá-las na totalidade. Dessa forma, o endividamento está ligado ao quanto da renda fica comprometido com o pagamento dessas contas e ao quanto o total delas é superior aos bens ou às reservas que a pessoa detém no momento. Contudo, o fato de alguém estar endividado não significa que ele vá cair na inadimplência. Afinal, ele pode, sim, manter altos valores pendentes e, ainda assim, conseguir quitá-los dentro do prazo estipulado. Acontece que também não dá para negar a relação entre ambos os termos, já que a inadimplência começa na contração de muitas dívidas.Qual é o cenário do endividamento e da inadimplência no Brasil?
Tanto o endividamento quanto a inadimplência no Brasil são temáticas sérias. A Peic — Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor — de 2022, realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), mostra que 77,9% das famílias brasileiras têm dívidas. Esse é o valor mais alto desde que o índice anual começou a ser medido em 2010. Outro recorde relacionado a esse estudo é o de maior crescimento de um ano para outro, uma vez que, em 2021, o percentual era de 70,9% de unidades familiares nessa situação. Para piorar esse cenário, o conjunto de dados ligados à inadimplência nesse levantamento também é alarmante. Do grupo analisado, 28,9% das pessoas estão com as obrigações em atraso, 10,7% não têm condições de pagá-las e os superendividados representam 17,6% do total.O que está por trás da inadimplência no Brasil?
Depois de conferir esses dados alarmantes, surge a dúvida: por que tem tanta gente nessa situação? A seguir, entenda as principais causas da inadimplência no Brasil e descubra como elas impactam o dia a dia de forma geral!Desemprego
Você notou como, nos últimos anos, o mercado passou por uma série de reviravoltas que desaqueceram a economia, criaram demandas que os profissionais não estão aptos a atender e precarizaram as relações trabalhistas? Isso tudo levou uma parcela da força de trabalho a encontrar dificuldades para se empregar. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), no 4º trimestre de 2022, eram 8,6 milhões de desempregados (ou 7,9%). Além disso, havia 4 milhões de desalentados — pessoas sem perspectivas de conseguir um emprego — no fim daquele ano. Para quem teve que lidar com esse perrengue, manter as despesas em dia ficou bem mais difícil. A verdade é que só "apertar os cintos" não foi o suficiente. Há quem teve que recorrer a empréstimos, ao cartão de crédito ou ao cheque especial. Só que, em algum momento, essas dívidas tiveram os seus pagamentos atrasados, criando uma bola de neve financeira.Diminuição do poder de compra
Não é à toa que o endividamento afeta, principalmente, quem ganha até 10 salários mínimos. Segundo a PEIC, 78,9% das famílias nessa realidade estão em situação de dívida contra 74,3% das que ultrapassam esse valor de receita. Afinal, é esse grupo que sente o maior impacto da diminuição do seu poder de compra. Inclusive, tanto a inflação medida pelo IPCA fechou 2022 em 5,79% quanto a taxa de juros subiu mais de 11 pontos percentuais nos 2 últimos anos, atingindo em cheio essa parcela da população. Por um lado, comprar o básico ficou mais caro. Por outro, o crédito, que deixou de ser uma forma de obter bens para ser necessário na hora de complementar os ganhos, também está custando mais. Além disso, é claro, a inadimplência dificulta a sua concessão.Redução da renda
Outro fator estrutural que também é causa dos recordes de endividamento e de inadimplência no Brasil é a redução da renda. Para você ter uma ideia, o rendimento médio no país em dezembro de 2022 era de R$ 2.872,00 — um pouco mais de 2 salários mínimos. Por trás disso, estão uma taxa de subutilização de 18,5%, quase 38 milhões de pessoas ocupadas informalmente e o desemprego em alta. Todos esses fatores fizeram muitos profissionais aceitarem ganhar menos para voltar ao mercado. A grande questão é que, no fim do mês, a conta não fecha. Na prática, a maioria das pessoas optou por atrasar pagamentos que poderiam ser renegociados ou quitados após o prazo. No entanto, sem um aumento real e com tudo ficando tão caro, não há uma saída para superar os atrasados, que vão se acumulando.Falta de controle
Se o cenário que contribui para o endividamento e para a inadimplência no Brasil é crítico, o que dizer quando falta um consumo consciente e sobra uma desarmônica relação emocional com o dinheiro? Ter controle financeiro é essencial para não piorar o quadro. Mas tanto o descontrole dos gastos quanto o pouco conhecimento sobre o assunto atrapalham, né? Uma pesquisa da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL) já apontava isso em 2018, ao destacar que 58% dos brasileiros afirmavam não dar a devida atenção às suas finanças. Para a surpresa de 0 pessoa, essa mesma pesquisa mostrou que 17% dos consumidores precisam de algum tipo de crédito para pagar as suas contas. O resultado final? Mais dívidas.Como ficar longe da inadimplência?
Com tantos fatores sistêmicos, não há simpatia capaz de fazer a inadimplência no Brasil ter fim, porém é possível correr dela com alguns cuidados. A seguir, confira as nossas sugestões!Organizar, planejar e registrar é básico
Saber quanto se ganha e quanto se gasta, separando as contas básicas de despesas extras, é só o bê-á-bá da alfabetização financeira. O próximo hábito importante é anotar todos os custos que você realmente tem. A disciplina exige não esquecer nem aquele cafezinho, viu? Agora, para ser faixa-preta, o segredo é planejar e seguir os limites estipulados.Manter um estilo de vida compatível com a sua renda tira você do vermelho
Com a retração econômica, a redução dos salários e o aumento da inflação e dos juros, foi necessário haver uma mudança no estilo de vida, certo? Para evitar ou sair do vermelho, o melhor caminho ainda é priorizar ficar emDia. No entanto, isso não significa cortar toda a diversão. Há muitos passeios gratuitos ou de baixo custo que podem ser feitos. Que tal um piquenique ou uma visita a um museu no dia em que a entrada é franca?Pagar despesas básicas a prazo é cilada, Bino
Quem está na pindaíba pode até ter um respiro pagando o mercado no cartão de crédito, com cheque para 45 dias ou parcelando o rotativo. No entanto, a real é que isso é uma cilada. Afinal, acaba gerando um acúmulo de dívidas no futuro. O ideal é pagar água, luz, alimentação, moradia etc. à vista para não se apertar mais à frente.Renegociar é para ontem
Quem já bobeou e, agora, precisa se virar nos 30 pode recorrer à renegociação. Quando? Ontem. Afinal, a cada dia, aumenta o valor devido. Apenas vá com calma, sem desespero, tudo bem? Em alguns casos, dá até para descolar um desconto bacana ou, ao menos, um parcelamento amigo. Inclusive, vale a pena começar pelas obrigações atrasadas há mais tempo e buscar condições com as quais você realmente consiga arcar, explicando os seus limites orçamentários. Até porque a maioria dos credores quer mesmo é receber.Ter uma reserva para emergências pode te salvar
No mar de endividamento e inadimplência no Brasil, a melhor boia é ter uma reserva financeira. A quantia poupada vai te salvar quando aquele gasto imprevisto surgir ou quando a sua renda cair de uma hora para outra. Uma dica é estipular um valor para guardar dentro do seu orçamento e separá-lo como se fosse para quitar uma conta todo mês. Logo, logo, você vai ter um pé-de-meia. Se a inadimplência no Brasil não é novidade, os seus níveis atuais são de, no mínimo, assustar — ainda mais considerando os problemas sistêmicos que levam a isso e impactam o dia a dia de todos nós. Como não há meios de mudar esse quadro, é hora de colocar a mão na massa para manter esse problema longe com as dicas deste post. Agora, que tal aproveitar para consultar o seu score? Clique e confira como anda o seu crédito!
por
Emdia
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